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Câncer colorretal cresce entre jovens: alerta global

04 de agosto, 2025
3 minuto(s) de leitura

Estudiosos destacam aumento em até 70% dos casos em menores de 50 anos

Preta Gil

A morte do ator Maurício Silveira, aos 48 anos, neste sábado (2/8), reacende a discussão sobre o crescimento alarmante do câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos. A causa foi tumor no intestino, com complicações pós-cirúrgicas no Hospital Lourenço Jorge, no Rio. Essa tendência, considerada “assustadora” por especialistas, também vitimou a cantora Preta Gil, que morreu precocemente aos 50 anos durante sua batalha contra a doença.

Jovens entre os mais afetados

Embora os casos ainda sejam mais comuns em pessoas acima dos 60 anos, estudos indicam que o câncer colorretal está crescendo rapidamente entre adultos jovens. Globalmente, um em cada cinco diagnósticos agora ocorre em pessoas com menos de 54 anos — um aumento estimado em 11% nas últimas duas décadas.

Nos Estados Unidos, houve elevação de 70% na incidência entre jovens em comparação a 30 anos atrás, segundo o oncologista Paulo Hoff. O impacto leva à redução da idade recomendada para rastreamento, que caiu de 50 para 45 anos na rede pública americana.

No Brasil, dados preliminares corroboram esse padrão. O Hospital de Base, em São José do Rio Preto, relatou um aumento de 100% nos diagnósticos entre pessoas de 40 a 49 anos entre 2020 e 2024. No país, estima-se cerca de 45,6 mil novos casos por ano até 2025, e projeções da Fundação do Câncer indicam crescimento de 21% até 2040.

Possíveis causas do fenômeno

Especialistas apontam diversas hipóteses para explicar o aumento precoce dos casos:

  • Estilo de vida moderno: dieta rica em ultraprocessados, baixa ingestão de fibras, sedentarismo, obesidade, consumo de álcool e tabaco estão associados ao risco crescente.
  • Uso de antibióticos e microbioma alterado: estudos recentes identificaram associação entre a toxina colibactina, produzida pela E. coli, e mutações genéticas ligadas à doença, com presença maior em pacientes com menos de 40 anos.
  • Predisposição genética: síndromes como polipose adenomatosa familiar explicam parte dos casos em idades atípicas.
  • Exposição ambiental: poluição urbana e outros contaminantes têm sido relacionados à emergência da doença em faixas etárias mais jovens.

Diagnóstico precoce é essencial

A detecção antecipada aumenta muito as chances de cura: a colonoscopia é o exame padrão-ouro, com alta sensibilidade e possibilidade de remoção de pólipos no ato. Todavia, sua implementação em massa é complexa por custo e adesão limitada.

Uma estratégia eficaz consiste no uso do teste de sangue oculto nas fezes, simples e barato. Quem apresenta resultado positivo é encaminhado para colonoscopia. Essa abordagem, combinada com rastreamento a partir dos 45 anos, já é adotada em alguns países. No Brasil, o INCA debate implementação de programa de rastreamento nacional.

Brasil sob o olhar do Inca

No país, o câncer colorretal é o terceiro mais frequente em ambos os sexos, com cerca de 46 mil casos novos por ano. Dados do INCA mostram que a incidência cresce em todas as faixas etárias, mas com intensidade menor entre os mais jovens. Em 2000, homens entre 20 e 49 anos apresentavam taxa de 5 casos por 100 mil habitantes; em 2017, esse número subiu para 6 por 100 mil — incremento estatisticamente relevante. Para mulheres, a tendência existe, mas ainda não é considerada significativa.

Pesquisas indicam que, entre os homens, o câncer colorretal poderá subir da 7ª posição (2001‑2005) para a 3ª no ranking de anos de vida produtiva perdida (2026‑2030). Nas mulheres, passaria da 6ª para a 3ª posição.

Especialistas como Hoff (Oncologia D’Or) e Alexandre Jácome (Oncoclínicas) confirmam aumento expressivo de casos em pacientes jovens dentro de seus atendimentos, estimando elevação próxima a 15% na última década — provavelmente subestimada.

Prevenção e alerta para população

  • Adotar dieta rica em fibras, frutas, vegetais e grãos integrais
  • Combater sedentarismo e obesidade
  • Evitar tabaco e consumo excessivo de álcool
  • Atentar-se a sintomas como sangue nas fezes, alterações do hábito intestinal, dor abdominal persistente ou fadiga
  • Realizar avaliações médicas se suspeita, mesmo em idade jovem

O crescimento do câncer colorretal entre pessoas com menos de 50 anos é um fenômeno global de saúde pública, estimulado por fatores ambientais, alimentação moderna e até microbioma alterado. Casos recentes, como os de Maurício Silveira e Preta Gil, ilustram a gravidade do tema. A detecção precoce e mudanças no estilo de vida são urgentes: com rastreamento estratégico e atenção aos sinais, é possível reduzir mortalidade e preservar vidas, mesmo entre os mais jovens.

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