Os 34 cidadãos brasileiros que esperam para sair da Faixa de Gaza já têm autorização para cruzar a fronteira nesta sexta-feira. A informação é do Itamaraty, que divulgou a previsão de repatriação após negociações entre o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen – ocasião em que ele admitiu que os brasileiros não puderam sair na quarta-feira, como previamente garantido, devido a fechamentos inesperados da fronteira.
A autorização para sair da região é coordenada por autoridades do Egito e de Israel. Os brasileiros, que atualmente se encontram em Khan Younes e Rafah, perto da fronteira com o Egito, têm a expectativa de que sejam resgatados pelo governo brasileiro em Al Arish, cidade egípcia localizada a 53 km de Gaza, onde o Egito permitiu o pouso de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).
Até agora, mais de 3.400 estrangeiros, 36% deles com passaportes americanos, foram autorizados a sair de Gaza. A situação no enclave palestino é particularmente complexa, pois a passagem de Rafah é o único ponto de trânsito para pessoas e mercadorias, e o acesso é altamente restrito. Autoridades da região divulgam diariamente as listas das pessoas autorizadas a sair da zona de conflito, inclusive com data e hora.
Embarque
Com a proximidade da autorização para a saída dos brasileiros, a FAB, que tem um avião VC-2 modelo Embraer 190 em Cairo, está pronta para transportar o grupo. Espera-se que eles embarquem na madrugada de sábado (11), e cheguem ao Brasil no domingo (12). Equipes da Embaixada do Brasil no Egito estão planejadas para se deslocar até Rafah para auxiliar no resgate dos cidadãos brasileiros.
O grupo deve ser recebido na Base Aérea de Brasília pelo presidente Lula, além de equipes do Itamaraty e outras autoridades do governo.
Jogo de empurra
Desde a divulgação da primeira lista de estrangeiros que poderiam deixar Gaza, havia uma crescente expectativa de que o grupo brasileiro seria um dos primeiros a deixar a região – o que não aconteceu.
Em intensos esforços diplomáticos, Israel vem afirmando que não está fazendo nada para impedir a saída dos brasileiros de Gaza. Já o Egito afirmou que precisou fechar as fronteiras por segurança, após uma suspeita de que integrantes do grupo terrorista Hamas estariam infiltrados em ambulâncias e grupos de estrangeiros.
Para piorar, algumas declarações de integrantes do governo brasileiro andaram desagradando autoridades israelenses.
Em uma conferência sobre a guerra que aconteceu nesta quinta-feira na Europa, com líderes de quarenta países e funcionários da ONU, o Brasil foi representado pelo assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim. No encontrou, ele pediu um cessar-fogo imediato, e chegou a comparar as mortes de civis, sobretudo crianças, a um genocídio.
A declaração teve uma repercussão negativa, e foi criticada inclusive por especialistas em relações internacionais, que afirmam que o termo “genocídio” só pode ser mencionado após uma investigação rigorosa, o que dependeria de um cessar-fogo.
Alguns especialistas acreditam que a fala de Amorim pode prejudicar as relações diplomáticas entre o Brasil e Israel. O presidente da Federação Israelita de São Paulo também criticou a postura de Celso Amorim, afirmando que a postura de Israel jamais foi a de “exterminar” inocentes.