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Empresário é indiciado por morte de gari em BH
Empresário é indiciado por morte de gari em BH

Empresário é indiciado por morte de gari em BH

18 de agosto, 2025
3 minuto(s) de leitura

Suspeito responderá por homicídio, ameaça e posse ilegal de arma após discussão de trânsito terminar em tragédia

A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou que o empresário Renê da Silva Nogueira Junior, 47 anos, será indiciado por três crimes após a morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, 44, em Belo Horizonte. O caso ocorreu na manhã de 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, região Oeste da capital, e ganhou forte repercussão nacional.

Segundo o delegado Evandro Radaelli, responsável pela investigação, Renê responderá por homicídio duplamente qualificado, posse irregular de arma de fogo e ameaça. Se condenado por todas as acusações, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.

A arma usada no crime pertencia à esposa do suspeito, a delegada da Polícia Civil Ana Paula Balbino Nogueira. O equipamento é de uso particular e foi recolhido pela perícia. A corregedoria da corporação apura a conduta da servidora, mas, segundo o porta-voz da instituição, não há elementos que justifiquem seu afastamento.

Como ocorreu o crime

Naquela manhã, Laudemir trabalhava na coleta de lixo ao lado de outros garis. A motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, 42, encostou o veículo para dar passagem a um carro conduzido por Renê. Em vez de agradecer a gentileza, o empresário teria abaixado o vidro e ameaçado a condutora, dizendo que mataria qualquer pessoa que encostasse no automóvel.

Testemunhas relataram que os garis pediram calma e pediram que o motorista seguisse em frente. No entanto, Renê desceu do carro armado e apontou a pistola para o grupo. O gari Evandro Marcos de Souza, 35, contou à polícia que o empresário chegou a mirar contra a cabine do caminhão e ameaçou atirar no rosto da motorista.

Na sequência, Renê disparou contra Laudemir, atingindo-o no abdômen. A vítima foi levada ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu à hemorragia interna.

Linha do tempo

Segunda-feira (11/8), 9h – Caminhão de coleta estaciona para dar passagem a um carro no bairro Vista Alegre.

9h05 – O motorista, Renê Nogueira, ameaça a condutora e grita contra os garis.

9h10 – O empresário desce do veículo, aponta a arma para o grupo e efetua um disparo contra Laudemir.

9h20 – Bombeiros socorrem a vítima, que é encaminhada ao hospital, mas morre após chegar à unidade.

Terça-feira (12/8) – Familiares e amigos se despedem de Laudemir em velório realizado em Contagem.

Domingo (17/8) – Delegado Evandro Radaelli anuncia o pedido de indiciamento de Renê por três crimes.

Repercussão e investigações

A morte causou comoção em Contagem, cidade onde Laudemir vivia com a família. Durante o velório, a enteada da vítima, Jéssica França, 25, declarou que a família está em choque. “Ele era trabalhador, carinhoso e muito protetor. Cuidava de todos nós”, disse. Laudemir deixou também uma filha de 15 anos.

Além da acusação principal de homicídio, Renê responderá por posse irregular de arma, já que utilizou a pistola da esposa sem autorização, e por ameaça contra a motorista do caminhão. O Código Penal prevê de 12 a 30 anos de reclusão para homicídio duplamente qualificado; de três a seis anos para posse ilegal de arma; e de um a seis meses, ou multa, para ameaça.

O inquérito que apura a responsabilidade da delegada Ana Paula tramita de forma paralela na corregedoria da Polícia Civil mineira. O porta-voz da instituição, delegado Saulo Castro, explicou que ela continua em suas funções, pois não há indícios suficientes que justifiquem afastamento imediato.

Caso em destaque nacional

A tragédia repercutiu em todo o país. No último domingo (17/8), o caso foi tema de reportagem no programa Fantástico, da TV Globo. Durante a entrevista, o delegado Radaelli reforçou que o indiciamento se apoia em provas testemunhais, na arma apreendida e nas circunstâncias do crime.

A morte de Laudemir expôs novamente os riscos enfrentados por profissionais da limpeza urbana. Em nota, sindicatos da categoria pediram justiça e reforçaram a necessidade de campanhas de conscientização sobre o respeito ao trabalho dos garis.

Enquanto o processo segue, Renê permanece preso e aguarda decisão judicial. O caso segue sendo acompanhado de perto por familiares, movimentos sociais e autoridades locais, que cobram punição exemplar.

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