Apenas 30% dos adolescentes de 10 a 14 anos completaram o esquema vacinal, alerta Secretaria de Saúde do DF

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) acendeu um alerta: pouco mais da metade das doses de vacina contra a dengue destinadas a crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos foi aplicada. Segundo dados atualizados, 56,6% do público-alvo recebeu a primeira dose, mas somente 30,5% concluiu o esquema vacinal de duas aplicações, essencial para garantir proteção eficaz contra a doença.
Desde fevereiro do ano passado, o imunizante está disponível gratuitamente em mais de 100 pontos de vacinação da rede pública. A meta do governo local é imunizar 90% dessa faixa etária, considerada a mais vulnerável a hospitalizações e mortes por dengue no Brasil.
Linha do tempo da vacinação
Fevereiro de 2023 – A vacina contra dengue passa a ser ofertada no SUS para adolescentes de 10 a 14 anos.
Janeiro a abril de 2024 – A SES-DF registra 30,6 mil aplicações em ovitrampas para monitorar a infestação do mosquito transmissor.
Agosto de 2024 – O estoque disponível chega a 15 mil doses, mas a adesão continua abaixo do esperado.
Agosto de 2025 – Apenas 30,5% dos adolescentes completaram o esquema vacinal; 56,6% receberam só a primeira dose.
Proteção parcial não é suficiente
De acordo com a gerente da Rede de Frio Central da SES-DF, Tereza Luiza Pereira, a eficácia plena só é atingida após as duas doses. “Com o esquema completo, a proteção contra a doença chega a 80,2%, enquanto a prevenção de formas graves e hospitalizações alcança 90,4%. Com apenas uma dose, a proteção cai para menos da metade”, explicou.
Ela reforça que há vacinas disponíveis em toda a rede. “Temos cerca de 15 mil doses prontas para aplicação. A proteção depende da adesão da população.”
Estratégia nacional e local
A incorporação da vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023 foi considerada uma medida histórica no combate à dengue. A decisão teve como base a maior incidência de casos graves entre jovens de 10 a 14 anos.
No DF, a campanha foi reforçada com ações complementares de vigilância e controle do mosquito Aedes aegypti. Entre elas, estão a instalação de 2,7 mil ovitrampas em 22 regiões administrativas, a inspeção de mais de 630 mil imóveis e a implantação de estações disseminadoras de larvicida.
Além disso, 400 novos agentes de Vigilância Ambiental foram contratados para reforçar o trabalho em campo. O governo também iniciou tratativas para implementar a tecnologia Wolbachia, que utiliza mosquitos infectados com a bactéria para reduzir a transmissão da dengue, zika e chikungunya.
Risco de nova epidemia
Autoridades em saúde pública alertam que a baixa cobertura vacinal coloca em risco a eficácia da estratégia nacional. “Quanto menor o número de vacinados, maior a chance de novos surtos, principalmente em períodos de chuva, quando a proliferação do mosquito aumenta”, destacou Tereza.
O Plano de Contingência 2024/2025 prevê medidas emergenciais para controlar possíveis epidemias, incluindo ações integradas contra zika e chikungunya, que compartilham o mesmo vetor.
Desafio para as famílias
Apesar da ampla disponibilidade de doses, muitos pais e responsáveis ainda não levaram os filhos para completar a imunização. Especialistas apontam que a desinformação e a sensação de que a dengue não é tão grave estão entre os motivos para a baixa procura.
A realidade, no entanto, é mais dura. Em 2024, o DF registrou aumento de hospitalizações por dengue justamente entre adolescentes, faixa para a qual a vacina foi priorizada. “É preciso reforçar que a dengue pode matar e que a vacina é uma das principais formas de prevenção”, afirmou a gestora da Rede de Frio.
Próximos passos
A SES-DF estuda novas estratégias para ampliar a cobertura, como campanhas em escolas e parcerias com lideranças comunitárias. O objetivo é sensibilizar as famílias sobre a importância da vacinação e atingir a meta de 90% do público vacinado.
Enquanto isso, especialistas pedem atenção redobrada à população: eliminar focos do mosquito, usar repelente e manter os cuidados básicos de prevenção continuam sendo medidas essenciais.
O alerta da Secretaria é claro: sem completar o esquema vacinal, milhares de adolescentes continuam vulneráveis. E o risco de um novo surto de dengue no Distrito Federal segue sendo uma ameaça real.