Laura PortelaEspaço terá capacidade para 200 pessoas, com direito a banho quente, jantar, café da manhã e acolhimento aos animais de estimação.
Foto: Renato Alves/Agência Brasília.
O Distrito Federal inaugurou nesta quarta-feira (23) o primeiro hotel social voltado ao acolhimento de pessoas em situação de rua. A nova estrutura está localizada no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN), região próxima ao Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), e oferece 200 vagas para pernoite, alimentação e higiene, com destaque para o fato de também permitir a entrada de animais de estimação — algo raro em iniciativas do tipo no Brasil.
A proposta do hotel social é oferecer um espaço seguro, limpo e estruturado, onde as pessoas possam passar a noite com dignidade, especialmente em um contexto de aumento da vulnerabilidade social. O local funcionará todos os dias, das 19h às 8h, com oferta de jantar, café da manhã, banho quente, cama e abrigo para os pets que acompanham os usuários. O investimento anual na operação do espaço será de R$ 7,4 milhões, com contrato de cinco anos, podendo ser prorrogado.
A administração do hotel será feita por uma Organização da Sociedade Civil (OSC), responsável pela gestão e manutenção do espaço. Ônibus sairão diariamente da Rodoviária do Plano Piloto e do Centro Pop, na Asa Sul, para transportar os acolhidos até o local.
Acolhimento com respeito e estrutura adequada
O hotel conta com dormitórios coletivos e também com quartos individualizados, voltados ao atendimento de públicos mais vulneráveis, como pessoas com doenças infecciosas ou da população LGBTQIA+. A intenção é evitar riscos e oferecer uma estadia mais segura para quem não pode ou não se sente confortável em ambientes compartilhados.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, a proposta é que o hotel social funcione não apenas como um abrigo emergencial, mas como porta de entrada para outros serviços de assistência. Os usuários poderão ser encaminhados para cursos de capacitação profissional, atendimento psicossocial e programas de reinserção no mercado de trabalho.
“Esse tipo de estrutura é essencial para que a política de assistência social seja mais efetiva. O acolhimento começa à noite, mas pode se transformar em oportunidade de mudança de vida durante o dia”, destacou a secretária de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra.
Parte de um plano mais amplo
A iniciativa integra o Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital para a População em Situação de Rua, lançado em maio de 2024. O plano foi elaborado após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que estabeleceu novas diretrizes para o tratamento dado a pessoas em situação de rua em todo o país.
Desde então, o Distrito Federal passou a adotar ações semanais de acolhimento e articulação entre diversas secretarias para fortalecer a rede de proteção social. O plano prevê, entre outras medidas, a criação de espaços permanentes de acolhimento noturno, atendimento especializado e busca ativa de pessoas em situação de rua.
Expansão para outras regiões
A nova unidade substitui o abrigo provisório de inverno instalado no ginásio do CIEF, na 907 Sul, que encerrou as atividades nesta semana. Durante dois meses de funcionamento, a estrutura recebeu mais de 6.600 atendimentos, funcionando todos os dias da semana, durante os meses de temperaturas mais baixas.
Agora, o governo estuda a ampliação do modelo de hotel social para outras regiões administrativas, como Ceilândia, Taguatinga e Sol Nascente, que concentram grande parte da população em situação de rua no DF.
Durante a inauguração, o governador Ibaneis Rocha destacou o impacto da medida.
“Esse hotel social representa uma política concreta de cuidado. Estamos dando um passo necessário para garantir dignidade às pessoas que mais precisam”, afirmou.
A criação de espaços como esse reforça a importância de políticas públicas voltadas para os mais vulneráveis, promovendo acesso a direitos básicos como moradia, alimentação e segurança. Mais do que um abrigo, o hotel social representa uma tentativa concreta de interromper o ciclo da exclusão social e oferecer novos caminhos para quem vive nas ruas.
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília.
Com informações da Agência Brasília.
