Operação de liberação de mosquitos Aedes aegypti com bactéria visa interromper transmissão de dengue e outras doenças.

O combate às doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, zika e chikungunya, ganhou uma nova abordagem no Distrito Federal e em dois municípios do Entorno. Uma operação que envolve a soltura de mosquitos Aedes aegypti manipulados com a bactéria Wolbachia foi iniciada em 10 regiões administrativas da capital e em cidades goianas. A liberação desses “mosquitos do bem” visa reduzir a propagação dessas doenças e fortalecer as estratégias de controle existentes.
Os mosquitos foram soltos em áreas como Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã, além dos municípios de Luziânia e Valparaíso, em Goiás. A técnica de liberação dos mosquitos manipulados foi organizada por equipes da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), que coordenaram o processo com a ajuda de um sistema de mapeamento que garantiu a cobertura total das regiões selecionadas.
Os agentes responsáveis pela soltura utilizam uma rotina bem planejada: os mosquitos, chamados de wolbitos, são armazenados em potes com tampas de tecido. Esses potes são retirados das caixas, os mosquitos são liberados, e, em seguida, os locais de soltura são registrados. Após isso, os caixotes retornam à fábrica para limpeza e reutilização, garantindo que mais mosquitos possam ser criados para novas liberações nos dias seguintes.
Anderson Leocadio, chefe do Núcleo de Controle Químico e Biológico da SES-DF, ressaltou que a operação foi cuidadosamente planejada, considerando cada etapa, desde a criação dos mosquitos até o acompanhamento das solturas. “Esse trabalho logístico é uma ferramenta inovadora e uma importante medida de proteção à saúde da população”, afirmou. A iniciativa, além de inovadora, se mostra segura e eficaz, como indicam os bons resultados observados em outras cidades brasileiras, como Niterói (RJ), onde mais de 80% dos casos de dengue foram reduzidos após a liberação dos mosquitos.
A criação dos mosquitos é feita com ovos inoculados com a bactéria Wolbachia, uma bactéria natural que impede a transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Após a inoculação, esses ovos crescem até se tornarem mosquitos adultos em um ambiente controlado, com duração de sete a 14 dias. Uma vez maduros, os mosquitos são enviados para as equipes de campo e liberados nas regiões mapeadas.
O mecanismo de ação da Wolbachia é simples e eficaz: quando um mosquito infectado cruza com uma fêmea selvagem, seus descendentes não sobrevivem. Esse processo reduz gradualmente a população de mosquitos transmissores, contribuindo para o controle da disseminação das doenças. A estratégia é considerada segura para seres humanos, animais e o meio ambiente, uma vez que a Wolbachia é uma bactéria natural que não causa danos.
Apesar de ser uma abordagem promissora, a liberação dos mosquitos Wolbachia é apenas uma parte da luta contra as arboviroses. Os métodos tradicionais de prevenção, como evitar água acumulada, o uso de repelentes e o combate a focos de mosquitos, continuam sendo essenciais. Portanto, é crucial que a população continue a adotar as medidas de proteção recomendadas, enquanto a liberação dos mosquitos contribui para diminuir os casos dessas doenças.
Os mosquitos Wolbachia, conhecidos como wolbitos, têm demonstrado resultados positivos em várias partes do Brasil, com a liberação em Niterói servindo como um exemplo bem-sucedido. A liberação desses mosquitos é vista como uma ação de grande impacto no controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. A continuidade do monitoramento pós-liberação, juntamente com as análises epidemiológicas, permitirá avaliar a eficácia da operação e ajustar as estratégias conforme necessário.
Essa ação inovadora também tem ganhado apoio em nível local e internacional, sendo reconhecida como um avanço na luta contra as arboviroses. Ela não só beneficia a saúde pública, mas também serve como um modelo para outras cidades e estados que enfrentam desafios semelhantes. A operação de combate à dengue no DF, com a liberação dos mosquitos Wolbachia, é mais um passo importante na construção de soluções eficazes e sustentáveis para o controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
A operação de liberação de mosquitos é uma estratégia inovadora e promissora, mas sua eficácia dependerá da continuidade do trabalho conjunto entre os profissionais de saúde, os governos e a população. A estratégia busca, assim, fornecer uma proteção a mais, atuando de maneira complementar a outras ações já existentes no combate à dengue, zika e chikungunya. Com o tempo, espera-se que a liberação dos wolbitos seja mais um recurso importante na luta contra as arboviroses no Brasil.